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"Não basta fazer coisas boas. É preciso fazê-las bem.!"

06/10/2010

Reis



Aos livros de Samuel, que narram a fundação da monarquia hebraica seguem-se Reis, cuja história continua até sua queda sob os assaltos dos poderosos impérios da Assíria e da Babilônia, isto é, desde os últimos dias de Davi (cerca de 970 a.C). até à tomada de Jerusalém em 587 a.C., uma duração de cerca de quatro séculos. A cisão política e religiosa, que se seguiu à ascensão ao trono do segundo sucessor de Davi, cindiu a nação em dois reinos rivais, o de Israel e o de Judá, e findou com o desaparecimento do primeiro na luta com a Assíria (721 a.C.), delimitando este lapso de tempo em três períodos, com reflexos análogos na composição da obra.

O livro é escrito à base de um esquema simples e transparente, sobretudo na segunda e maior parte, daquela dos reinos separados. Seu enredo é formado pelas notícias sobre cada um dos reis, quer de Judá, quer de Israel, redigido com um cunho uniforme e distribuído em três partes: 1) Introdução: sincronização do outro reino com o rei contemporâneo, duração do reinado no momento e para os reis de Judá também os anos de idade à elevação ao trono e nome da rainha-mãe. 2) Corpo: qualidades morais relativamente à religião e ao culto mosaico, e breves referências a algum fato mais relevante. 3) Epílogo: envio para notícias mais amplas, aos "anais dos reis" (de Judá ou de Israel, segundo o caso), morte e sepultura.

Nas linhas deste traçado, inserem-se os mais amplos e minuciosos relatos de coisas concernentes à religião e à atividade dos profetas, entre os quais avultam as grandiosas figuras de Elias e Eliseu. O interesse religioso, sobre o qual se fixa o olhar do autor sagrado, manifesta-se, inclusive nos poucos acontecimentos políticos narrados com abundância de pormenores fora do comum, como as ações de Acab (1Rs cc. 20-22), a ascensão de Jeú ao trono (2Rs 9:1-7), o cerco e libertação de Jerusalém do exército de Senaquerib (2Rs 18:13-19:37). Essas notícias mais abundantes formam o fundo do livro, ao passo que os esquemáticos perfis dos reis, donde lhe vem o título usual, constituem-lhe como que a moldura e o enredo. As primeiras, o autor hauriu-as das histórias dos profetas, transmitidas, por escrito ou de viva voz; pelos discípulos dos mesmos. Nos segundos, isto é, na mencionada moldura, devemos ver um trabalho mais pessoal do redator final, baseado por certo em bons documentos.

O valor histórico do livro dos Reis é incontestável. Garantido pela inspiração divina, é confirmado por documentos paralelos da história profana, cabendo a primazia à assírio-babilônica, que aqui se nos apresenta com tão grande riqueza, não igualada para nenhum outro livro do Antigo Testamento.

Não nos foi transmitido quem seja o autor de Reis nem a data da sua existência; seu nome permanecerá provavelmente para sempre ignorado, ao passo que a idade pode ser deduzida do próprio livro. Se os últimos quatro vv. (2Rs 25:27-30) não são um apêndice ou acréscimo posterior, como em si é possível, sem, contudo, parecer provável, o autor teria terminado a sua obra entre os anos 560 (37° da prisão de Joiaquin) e 538 a.C., que marca o fim do exílio babilônico, porque não faz nunca alusão ou referência a este grande acontecimento.

É visível o caráter essencialmente religioso desta história dos reis. Numerosos ensinamentos de doutrina e vida religiosa estão contidos especialmente na atividade dos profetas, que ocupam continuamente o centro da cena, e nas reflexões do autor sagrado sobre o procedimento dos reis e dos povos, que freqüentemente rematam o quadro. Cumpre não deixar de notar o impressionante fato de que, enquanto no reino cismático de Israel houve em apenas dois séculos (c. 930-730 a.C.), nada menos de oito mudanças de dinastia, no vizinho e politicamente mais fraco reino de Judá dominou, por mais de 4 séculos (c. 1010-586 a.C.), constante e invariavelmente a descendência de Davi, embora não faltassem as violências e os contrastes a partir do exterior (intromissões de Atalia, de Necao, de Nabucodonosor). Verificava-se assim a promessa divina feita a Davi por boca do profeta Natan (2 Sam 7), anúncio e penhor do reino do Messias, filho de Davi por excelência (Lc 1:32), insigne pedra miliar na preparação da salvação humana.

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M. Rocha