É comum vermos em nossos dias uma verdadeira confusão com relação a doutrina da Soberania de Deus dentro das igrejas modernas. Logo na abertura de alguns cultos evangélicos hoje, especialmente neopentecostais, têm visto uma forma arrogante de se relacionar com o Senhor. Suas reuniões, cultos, iniciam-se com frases do tipo: “Eu determino...”, “Eu declaro...”, “Eu ordeno...”, e outras frases de orações que têm virado rotina não só na abertura, mas no meio e no final do culto também.
Não acredito que aqueles que se denominam “evangélicos” (embora esse termo esteja desgastado) e têm essa louca mania de querer mandar em Deus o façam tendo noção do erro que cometem. Essa maneira errada de tratar com o Deus soberano, para eles, é uma tentativa de buscar uma maior intimidade e comunhão com o Senhor. Crêem, de fato, que Deus está obrigado aos homens, o que nada mais é senão, um absurdo (e diabólico) desejo de querer mandar no Soberano Deus do Universo.
É interessante analisar que toda a estrutura do animismo, espiritismo, feitiçaria e satanismo é baseada na busca de controlar, manipular, domesticar as forças sobrenaturais. É exatamente isso que um ser humano qualquer pode encontrar numa igreja neopentecostal e outras pentecostais e tradicionais que têm cedido a essa heresia. Interessante notar que a feitiçaria tenta manipular as realidades passadas, presentes e futuras. Interessante também é notar que esta prática que reduz o Senhor a um Deus Não-Soberano, tenta manipular as realidades presentes, passadas, e futuras. Todos sabemos o que Deus acha da feitiçaria (Ex 22.18; Lv 19.31; Dt 18.10; Is 47.9; Na 3.4; Gl 5:20; Ap 9:21, 18.23; 22.15) e, ainda mais, o que ela revela no relacionamento com Deus: rebeldia (1 Sm 15.23a).
Dentre os texto destorcidos que os adeptos dessa prática usam encontra-se João 14.13-14, um dos favoritos deles: “E farei tudo o que pedirdes em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei ”. Para esse grupo, palavras como pedir, rogar e suplicar são a mesma coisa que “exigir, decretar, determinar e reivindicar”. Temos um problema então, com a palavra pedir . Em grego há duas palavras para pedir: aijtevw e ejrwtavw:
• aijtevw: trata-se de uma forma de pedir feita por alguém que está em posição inferior a daquele a quem o pedido é feito (como um filho pedindo ao pai);
• ejrwtavw: trata-se de uma forma de pedir na qual aquele que suplica está em pé de igualdade com aquele a quem o pedido é feito.
Agora, olhando para as Escritura, veremos que o Senhor Jesus só usava ejrwtavw para fazer um pedido ao Pai. Quando, também, em Lucas 14:32 ejrwtavw é usado, lemos que um rei estava fazendo um pedido a um outro rei. Porém, quando é num sentido vertical de relacionamento (ex. seres humanos e Deus) a palavra usada é aijtevw , como no texto acima citado (Jo 14.13-14).Por isso, se a atitude dessa “evangélicos” estivesse correta, Deus já estaria destronado. Dizer, crer, e até se atrever a orar pensando que as palavras podem mudar o destino do homem, ou a sucessão de fatos, ou qualquer outra coisa que seja, é tornar o Deus Soberano, Supremo, sujeito à vontade humana, à vontade pervertida de suas criaturas (Deus deixaria de ser o Supremo governador de tudo).
Falha 2 - O DIABÓLICO DESEJO DE QUERER NEGOCIAR COM DEUS - O Deus Cambista.
É interessante notar que a denominação que mais tem crescido no Brasil, talvez no mundo, seja uma com um princípio tão herético e sutil. A ênfase dessa doutrina está no ter e não no ser . A Teologia da Prosperidade tem se proposto a buscar um Deus cuja personalidade se parece com a de Exus, demônios do Espiritismo que necessitam de uma oferenda (ou oferta) para realizarem algo na vida daqueles que os buscam. Esse Deus é um Deus cambista que vive fazendo trocas com “seu” povo. Essa falha da igreja moderna sobre a Pessoa de Deus tem como princípios: 1) a crença de que Deus nunca diz não a seus filhos; 2) que só se pode orar uma vez (sendo duas a demonstração de falta de fé); 3) que o sofrimento é sinal de falta de fé; e 4) afirma que pobreza não combina com nossa posição de filhos do Rei.
Nessas igreja não se ouve sobre: arrependimento, pecado, salvação pela fé em Cristo, ou santidade. O assunto que interessa, como diz o cântico, é: “Dê, e Deus te devolver! Então dê, dê ao Senhor”. Além das músicas, as pregações levam o povo a pensar somente em um futuro financeiro bem sucedido que virá, é lógico, mediante a uma desafiadora contribuição (um “sacrifício” como eles gostam de chamar). Além das músicas e pregações, são feitos testemunhos para reforçar o que os pastores e músicos já pregaram e cantara, respectivamente.
A crença e pregação dessa doutrina é muito nociva e muito perigosa para a igreja brasileira. Traz uma expectativa errada de Deus, além de, como já disse, apresentar uma visão distorcida de Deus e Sua Pessoa.
Segundo 1 Tm 6.3-8 não é certo buscarmos a Deus visando a obtenção de bênçãos espirituais. Podemos ter melhor exemplo do erro dessa teologia do que o que é lido em Jo 6.26,27 quando o Senhor Jesus censura homens e mulheres que estavam O buscando somente pelo pão e peixe que Ele havia multiplicado e dos quais aquelas pessoas puderam desfrutar. A motivação em algumas “igrejas” modernas permanece a mesma que a daqueles que achegaram-se a Cristo, e é interessante que a visão sobre Cristo também permanece a mesma: alguém em quem pode-se encontrar bênçãos materiais. A diferença é que hoje os pastores exigem que os fiéis têm que dar algo para que o “Deus Cambista” possa ele então, devolv para o fiél de forma dupla, tripla, quíntupla (o que depende do valor da oferta apresentada à “igreja” por aquele irmão, às vezes, cheio de boas intenções).
Deus não é um cambista nem um negociador. Ele tem um propósito eterno que é a Sua glória. Não se arrepende e não muda, e, por mais que alguém tenha a fé para mover uma montanha, se o mover daquela montanha não estiver dentro do propósito eterno de Deus, ela não se moverá. E isso não dirá que aquele cristão que orou não tem fé, mas, que Deus, dentro de Seu eterno propósito, não pré-escreveu que aquilo traria glória a Ele naquele momento.
Falha 3 - O DIABÓLICO DESEJO DE QUERER QUE DEUS “PESE A MÃO”- O Deus xerife.
Há um número grande de cristãos na igreja evangélica atual, embora essa prática era mais encontrada antigamente, que crêem numa teologia de que “Deus vai pesar a mão”. Para tais cristãos, sobretudo das igreja neopentecostais, Deus deu a eles o poder de “pisar” naqueles que são contrários a suas idéias.
Tais homens e mulheres não têm noção do que é desenvolver um relacionamento saudável e feliz com Deus. Vivem fascinados por um Deus xerife, apavorados pelos mistérios desse Deus. Essa forma de pensar
Lideranças de igrejas que têm medo de possíveis questionamentos levantados por cristãos de Sua comunidade têm lançado essa afirmativa Deus pesa a mão . Essas palavras tornaram-se uma arma de defesa (e também ataque) para líderes, e consequentemente, fiéis que não se permitem questionar. Essas mesmas palavras têm se tornado um açoite para os cristão incautos e ignorantes que se sentem torturados pela culpa de um pecado.
Essas palavras não se tratam somente de um julgamento frio, inumano e raso, mas constituem-se no mais perverso meio de tortura psicológica imposta sobre os que já vivem o drama angustiante da culpa por verem a Deus como um xerife.
Deus não é um Xerife Patrulheiro à caça de pecadores, nem está ligando para “ordens” de Suas criaturas que reivindicam (ou melhor, ordenam) o Seu juízo contra alguém.
Vejamos algo sobre o Juízo de Deus. A justiça é a execução da retidão, segundo Bancroft. A Justiça, ou Juízo de Deus, é a execução de penalidades impostas nas Escrituras. Essa é a Santo Justiça pois traz em si a clara idéia do ódio contra o pecado, o que acaba resultando numa indignação que o leva a ser justo (Sf 3.5; Dt 32.4; Sl 11.4-7; Dn 9.12-14).
Segundo o texto Hebreus 12.6: “Deus corrige ao que ama”, a idéia do castigo (do Pesar a mão de Deus ) é contrária ao espírito da graça do Novo Testamento. É certo que o Deus do Novo Testamento, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, não castiga os que lhe desobedecem tentando lhe obedecer, porém a expectativa da disciplina recai sobre os que desobedecem-desobedecendo . Só o temor de alguém em pensar estar desobedecendo, já prova que este é um servo obediente (muito embora essa obediência seja motivada pelo medo e não pelo amor). Concluindo, Deus não deseja que o obedeçamos somente deixando de fazer aquilo que é errado, mas fazendo o que é certo. Afinal, Deus é Justo e Gracioso.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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DAGG, John L. Manual de Teologia . 2. ed. São José dos Campos: Fiel, 1998.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática . 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2003.
GRANCONATO, Marcos Mendes. A Prática da Igreja de Deus : A fé e o funcionamento da Igreja Bíblica. 1. ed. São Paulo: Atis Produção Editorial, 2002.
LIMA, Paulo César. O que está por trás do G-12 : o que é, suas doutrinas, seus métodos, o que pretende. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
HUNT, Dave e McMAHON, T.A. A Sedução do Cristianismo . 2. ed. Porto Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, 1999
PINK, A.W. Deus é Soberano . 5. ed. São José dos Campos: Fiel, 2002.
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M. Rocha